domingo, 15 de dezembro de 2013

Shopping de SP terá que indenizar músico negro constrangido por seguranças

Shopping de SP terá que indenizar músico negro constrangido por seguranças

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JAIRO MARQUES
DE SÃO PAULO

O shopping Cidade Jardim, um dos mais luxuosos de São Paulo, foi condenado a pagar R$ 6.780 ao músico cubano Pedro Bandera, 39, como indenização por danos morais, em razão de uma abordagem de seguranças do estabelecimento em agosto de 2010.

Bandera, que é negro, afirma ter sido vítima de preconceito racial quando ele andava pelo shopping à procura do local onde faria um show. O músico é percussionista da cantora Marina de la Riva.

Funcionários não foram hostis com músico negro, diz shopping de SP

A Justiça considerou que houve "constrangimento indevido", mas que não foi possível confirmar ter havido um crime de racismo. Cabe recurso à decisão. O shopping nega ter havido discriminação.

O músico afirma que foi abordado de forma hostil por um grupo de seguranças que queria saber o que ele procurava e o que ele fazia.

"Semanas antes, o shopping havia sido assaltado e me pareceu que os seguranças estavam com muita raiva, com sede de vingança", afirma Bandera, que mora no Brasil há nove anos.

Ele conta que foi imobilizado e levado até o estacionamento do Cidade Jardim, onde um táxi o aguardava.

"Só quando eles viram meus instrumentos no carro e outros músicos chegaram é que me soltaram. Sou muito bem resolvido com minha cor e não tenho complexo de olhares sobre mim. Não criei uma situação, não criei um fantasma. Realmente, senti na pele a discriminação."

Em sua decisão, a juíza Cláudia Thome Toni, da 1ª Vara do Juizado Especial Cível de São Paulo, afirmou que o shopping não conseguiu provar que o procedimento adotado pelos seguranças era para cumprir uma norma do regulamento interno.

"A testemunha foi clara quando ressaltou que nenhum outro integrante do grupo teve problemas para adentrar ao local, o que reforça a ideia de que o autor sofreu constrangimento indevido."

A juíza explicou que o crime de racismo não pode ser reconhecido, pois nenhuma testemunha afirmou expressamente que houve comportamento que demonstrasse preconceito racial.

"A indenização de danos morais é cabível em razão de todos os aborrecimentos causados ao autor naquele dia", escreveu a juíza.

O valor fixado por ela foi para "sancionar" a conduta do shopping e para que se evite "casos análogos".

Para o advogado de Bandera, Daniel Bento Teixeira, "o principal ganho com a medida é o reconhecimento público de que uma pessoa negra sofreu um constrangimento indevido e que isso gerou uma condenação".

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/12/1385642-shopping-de-sp-tera-que-indenizar-musico-negro-constrangido-por-segurancas.shtml

- Vejam que comentário maldoso que já foi postado nesta notícia no sítio do UOL:
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quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Presidente do CEPA/SC visita Academia Judicial

Presidente do CEPA/SC visita Academia Judicial

O secretário-executivo da Academia Judicial, Adalto Barros dos Santos, recebeu, na tarde desta quarta-feira (4/12), o presidente do Conselho Estadual das Populações Afrodescendentes em Santa Catarina (CEPA/SC), José E. Ribeiro. O representante do CEPA, depois de fazer uma breve apresentação sobre as atribuições e atividades do conselho, falou sobre ações de sensibilização voltadas à superação de toda forma de discriminação étnico-racial.  
     

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Em reunião com o Prefeito de Biguaçu, Castelo, o presidente do CEPA, Jose E. Ribeiro Ribeiro, a nossa vice presidente Dagmar Pereira, e da secretária executiva do CEPA, Jane Santos Ribeiro, estivemos discutindo a importância da efetivação de ações de políticas de promoção da igualdade racial. Na pauta a criação do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial e outros organismos de PIR que possam dialogar com a sociedade, como o movimento social negro, e principalmente com a própria administração na transversalização de tais políticas. Firmamos o compromisso de se articular mais rapidamente o Conselho municipal e encaminhar a criação de um órgão de governo para gerir políticas públicas. Aguardamos e vamos acompanhar a aplicação de tais políticas. Outro assunto importante foi a necessidade de desenvolver os projetos que foram determinados por Lei municipal. Parabéns ao moivmento negro de Biguaçu, parabéns Dagmar Pereira pelo empenho nas ações.

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Joinville

Momentos que se misturam. O Conselho Estadual Das Populações Afro descendente, no dia 13 de novembro o conselho esteve  em Joinville para acompanhar as atividades alusivas ao dia 20 de novembro, mês da consciência negra. No evento o vice-prefeito em exercício Rodrigo Coelho, assinou a Lei que cria o Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, e no mesmo ato assinou a Lei que cria o fundo que vai gerir recursos e possibilitar ações para implementação das políticas. Parabéns ao movimento negro de Joinville, que tem na sua luta contado com militantes e não militantes que mostram a força que temos para realizar essas transformações. Destaco a militância de mão Jacila, Edemar(nera), Zacarias, na pessoa de quem cumprimento em nome do CEPA toda militância. Parabéns ao Prefeito Udo, ao vice-prefeito e prefeito em exercício Rodrigo Coelho, pois desde a primeira conversa que tive com eles para que o Compir municipal fosse instalado poucos meses se passaram. Temos agora a tarefa de construir conselhos em outros municípios, fato que já implementamos em algumas cidades do Estado, e que devemos continuar lutando pela criação de espaços na Administração, como Coordenadoria, Secretaria que são ferramentas importantes, inclusive para buscar recurso junto ao governo federal, principalmente a partir da Seppir - Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Outro fato revelador foi a informação de que Joinville possivelmente tenha tido seu quilombo, que ter tido o nome de África. Cabe ao Compir de Joinville articular suas ações e somar forças para que isso se efetive. Em meio a boas ações e notícias informamos que a publicação feita pela imprensa de Joinville, dando conta de vagas de empregos para quem tem boa aparência, segundo o perfil solicitado pelas empresa já está nas mãos do Ministério Público do Trabalho e será acompanhado de perto tanto pelo CEPA, pela Coppir de Florianópolis para apuração devida e a pena aplicada aos autores. Temos ainda muito a fazer mais uma ação conjunta vai significar que nossas ações vão cada vez mais tomando forma. Parabéns ao coletivo que está transformando propostas teóricas em ideias práticas. Um agradecimento especial a nossa secretária executiva Jane Márcia, que se desdobrou para chegarmos até Joinville e retornarmos com toda tranquilidade, vencendo o cansaço.
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MEDALHA OSVALDO ALIPIO DA SILVA

BIGUAÇU ÀFRICA - MEDALHA OSVALDO ALIPIO DA SILVA presidente do Cepa, Jose E. Ribeiro Ribeiro discursando na 1ª SESSÃO ESPECIAL REALIZADA PELA CÂMARA MUNICIPAL DE BIGUAÇU EM HOMENAGEM E VALORIZAÇÃO HISTÓRICA DO POVO NEGRO DE BIGUAÇU.Foto

DISCRIMINAÇÃO RACIAL X INVISIBILIDADE EM SANTA CATARINA

DISCRIMINAÇÃO RACIAL X INVISIBILIDADE EM SANTA CATARINA

Ontem dia 20 de novembro o movimento negro nacional celebrou a data da morte de Zumbi, pois no ano de 1695, a morte Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, faz nascer ao contrário do que queriam os seus algozes, tentando manter a dominação pela opressão e o medo, um dos maiores heróis da nossa história, e que guarda seu nome no Panteão (Templo consagrado)da história, se não o maior. Inegável a transformação que ocorreu ao longo de séculos e décadas, em especial a transformação forjada na luta do povo negro, escravo que não sucumbiu aos ataques e tentativas da elite caucasiana, econômica e burguesa, e se apresentou para todas as batalhas que foram e ainda são impostas, e que ao longo dos últimos séculos mantem a luta pela dominação dos espaços que outrora, ou ainda hoje podem ser denominados, "feudos".
No dia de ontem o CEPA – Conselho Estadual da População Afrodescendentes de Santa Catarina, foi convidado pelo CEDIM – Conselho Estadual dos Direitos da Mulher para participar de uma videoconferência para discutir os seguintes temas: a) atendimento e acesso aos serviços do Estado de proteção à mulher vítima de violência; b) Pacto pelo enfrentamento a violência com seus plano; c) os 16 dias de ativismo; e, e) Dia Nacional da Consciência Negra.
Na pauta de debate com algumas das principais Secretarias de Desenvolvimento do Estado – SDR’s do Estado, o tema sobre a proteção da mulher vítima de violência doméstica e seus aspectos. Muito embora seja lastimável constatar o auto número e índice de violência contra a mulher no âmbito doméstico, ou seja, por seus companheiros, causou uma relevante preocupação a constatação da invisibilidade do negro quando o tema estava em destaque, sem esquecer que mulheres negras normalmente estão na ponta das estatísticas que trabalham o tema da agressão, violência e discriminação contra mulheres. Não obstante o relatado e que merece repulsa e a justa correção do agressor, chamou a atenção o fato de que ao longo de duas ou mais horas, não se lançou comentários sobre a discussão da relação étnico racial com o público participante da referida vídeo conferência aqui no nosso Estado.
É de se observar que hoje não podemos atribuir ao Estado (federação) a pecha de um estado racista, como o foi há apenas algumas décadas, porém, é forçoso e necessário observar que as nuances desse racismo ainda operam nas nossas Instituições, daí reforçar que o racismo institucional ainda permeia tais instâncias. O “status” racista que o Estado brasileiro praticou, administrou e semeou ao longo de nossa história de formação, é sem dúvida o principal argumento para que ainda hoje assistamos a marca da discriminação racial operando por suas entranhas e reproduzindo em silêncio uma chaga que trouxe pra nossa formação indenitária tamanho prejuízos, tanto ponto de vista étnico e de resgate, quanto financeiro e econômico, onde a maior contribuição para acúmulo indevido de riquezas foi cumprido pelo negro escravizado, porém sem ainda hoje a justa e correta indenização àquele que foi a mola propulsora do arranque econômico da nossa nação, com sua colaboração forçada na lavoura do café, da cana-de-açúcar, na lavra do ouro, e principalmente na essência de sua condição de escravo que tornou rica e abastadas famílias que até hoje regozija a manutenção do nome de muitas famílias. A história contada sob a ótica da dominação do vencedor causou imensos prejuízos a uma grande massa populacional que hoje atinge a marca de 50,47% (cinquenta, quarenta e sete por cento) da população o que permite avaliar como a maior massa no contexto de nossa população.
A forma perversa pelos caminhos que se operam a discriminação racial e o racismo institucional no estado é subliminarmente entendida nas suas próprias dimensões, fato que deve nos preocupar em tempo integral e colocar nossas forças e ações centradas na superação e eliminação desse ódio sem “propósito” e perverso que oprime pelo sistema atacando nossa estrutura básica de existência, nossa dignidade de SER HUMANO, levando a submissão pela incoerente mais forte ação do acaso/descaso.
Mesmo com toda a dedicação do movimento negro no estado que soma força com outros atores sociais, sindicais, associações, Ong’s, brancos, indígenas e a dedicação individual de alguns gestores em espaços públicos que permitem a discussão o debate e o avanço em algumas ações de políticas públicas, percebe-se a ausência de ações a partir de um PLANO que permita tirar o manto dessa invisibilidade e colocar na ordem do dia o debate sobre os caminhos para superação e eliminação do racismo, do racismo institucional de se suas varias formas de atuação e de quais os caminhos apontam para mudança dos paradigmas que vão permitir crescimento econômico, político educacional do meu, do nosso povo negro nesse estado.
A negação de identidade do negro/a no Brasil, construída secularmente e reforçada com o ideário da mestiçagem idolatrada a partir da década de 1930, com o compromisso da não necessidade de se discutir o racismo, pois o tempo tomaria conta do debate de forma a leva-lo a morte não venceu ou convenceu e hoje mais que nunca mostramos com nossa contribuição a necessidade de se ampliar cada dia mais o debate sobre quais os mecanismos devemos debater, propor e apresentar para superação e eliminação do racismo na nossa sociedade.
A contribuição do movimento negro de Santa Catarina fez avançar por seus mecanismos importantes e por sua força de movimentação ações de políticas de promoção para a igualdade racial, entretanto, sem que o administrador público de todas as instâncias e esferas avancem também no mesmo sentido, teremos sabidamente maiores dificuldades de ação, muito embora não nos vá faltar avaliações táticas e estratégicas de ação para manutenção das conquistas por nós conseguida. Mesmo com avanços que o movimento consegue implementar no estado ainda temos exemplos da distorção e da não atenção para as políticas que desenvolvem alguns gestores. Como exemplo vide atividades realizadas na cidade de Tijucas, onde mesmo com a determinação do prefeito local, a Secretaria de Educação municipal frustrou as ações planejadas ausentando-se da efetiva e obrigatória colaboração sem que uma resposta mínima de entendimento fosse dada. Resta cabalmente provado que a vontade do administrador passa por uma necessidade de sensibilização e discussão do papel do gestor na administração da coisa – “rés pública” fato que merece imediata e efetiva correção com nossa manifestação de indignação, pois a medida que um dia como o 20 de novembro com todo seu simbolismo e representatividade é de forma tão contundente negado e renegado, como devemos pensar os 365 dos 12 meses do ano. A lei 10.639/03 e seus recortes simbolizam um avanço, ainda que tímido por parte das autoridades, mais que devem ganhar corpo e se fortalecer e essa é mais uma das bandeiras de ação que temos enquanto militantes desse movimento com essa proposta.
Faz-se necessário e urgente a discussão de políticas afirmativas que possam redesenhar no estado a composição e formação de seu povo, entendendo que predominância centrada nas etnias europeias são sua maioria, porém, sem desconsiderar a presença de etnias que mesmo em menor número quantitativo populacional emprestam com seu trabalho e sua manifestação cultural artística e principalmente educacional que tem possibilitado através de seus expoentes, revisitar, rediscutir para uma nova orientação de realidade da população negra do Estado de Santa Catarina, que tem colaborado sobre maneira na formação educacional.
Essa é a ação que o CEPA – Conselho Estadual das Populações Afrodescendentes de Santa Catarina tem pautado por sua ações e inserções nos debates sobre os variados temas que temos participado, com o compromisso de fazer cumprir as orientações legais determinadas em leis municipais, estaduais e federais.

José E. Ribeiro

Presidente do Conselho Estadual das Populações Afrodescendentes de Santa Catarina.

Em 1871 a Lei do Ventre Livre libertou os filhos de escravos que ainda iriam nascer; em 1885 a Lei dos Sexagenários deu direito à liberdade aos escravos com mais de sessenta anos.onde estão esses direitos.
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Universidade Federal de Santa Catarina


Cepa e Coppir numa conversa com o tema Consciência Negra com alunos de Serviço Social e Direito em UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina ocomeçamos a encaminhar.

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Ministério Público do Trabalho


Dia 28 de Novembro Quinta-feira o Conselho Estadual Das Populações Afro descendente esteve reunido com o Dr. Marcelo Neves, membro mo Ministério Público do Trabalho - MPT, na pauta da conversa o tema foi: Mercado de Trabalho emprego e renda, mercado de trabalho para a juventude negra e mercado de trabalho para mulher negra. Na conversa um diálogo bem próximo sobre a participação do Ministério Público do Trabalho, e o Dr. Marcelo Neves manifestou a parceria oficial entendendo que o Ministério Público pode contribuir ainda mais na implementação de ações propositivas. Na condição de responsável pelo tema sobre discriminação e igualdade o Dr. Marcelo entende a necessidade de uma ação efetiva e mais próxima das insituições do Estado para debater e superar os problemas da discriminação. Exemplo disso na conversa foi a situação que vitimou um jovem Haitiano em uma fábrica em Navegantes e o o mais recente caso ocorrido em Joinville onde um jornal local veiculou matéria que já está sendo tratada pelo Ministério Público do Trabalho de Florianópolis encaminhado pela Coppir que encaminhou a denúncia. Um ponto importante saído da reunião foi a parceria para uma mesa redonda que vai discutir ações do Estatuto da Igualdade Racial no Mercado de Trabalho, envolvendo vários atores. Já começamos a encaminhar.

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Reunião com lideranças do Movimento Negro de Blumenau com Lenilso Silvae o prefeito de Blumenau, Napoleão Bernardes

No dia 20 de Novembro o Conselho Estadual Das Populações Afro descendente, iniciou o dia em uma reunião com lideranças do movimento negro de Blumenau com Lenilso Silvae o prefeito de Blumenau, Napoleão Bernardes. Na pauta discussão e encaminhamento de ações importantes como: Criação do Conselho de Promoção da Igualdade Racial, entre outras ações importantes. Ponto objetivo saímos da reunião com o compromisso do prefeito de criar comissão para estruturar o Conselho. O Cepa tem participado de forma intens das ações de organização auxiliando nos encaminhamentos do movimento negro em Santa Catarina. Na luta sempre.


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terça-feira, 26 de novembro de 2013

Presidente do Conselho Estadual da População Afrodescendente visita OAB/SC

Presidente do Conselho Estadual da População
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 Afrodescendente visita OAB/SC
O presidente do Conselho Estadual da População Afrodescendente, José Ribeiro, visitou nesta segunda-feira a OAB/SC, onde foi recebido pelo presidente Tullo Cavallazzi Filho. Na ocasião, além de discutir eventuais parcerias entre as entidades, Ribeiro presenteou Cavallazzi com um exemplar do Estatuto da Igualdade Racial. O encontro foi acompanhado pelo Assessor de Relações Institucionais, Anselmo Machado.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Dilma assegura conquistas para a população negra na abertura da III Conapir

Presidenta anunciou o envio ao Congresso Nacional de um Projeto de Lei que reserva 20% das vagas de concursos públicos federais aos negros. Assinou o decreto que regulamenta o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial, confirmou a criação de uma instância específica para tratar da questão da saúde da população negra no Ministério da Saúde e garantiu que, até março de 2014, todas as comunidades quilombolas do país receberão profissionais do Programa Mais Médicos
Foto: San Rogê
Foto: San Rogê
A presidenta da República, Dilma Rousseff, assinou na noite desta terça-feira, 5, mensagem que será enviada ao Congresso Nacional, em caráter de regime constitucional, para análise de Projeto de Lei que reserva cota de 20% das vagas em concursos públicos federais para os negros. A medida foi anunciada durante a abertura da III Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial – III Conapir, que acontece até amanhã, 7, no Centro de Convenções Brasil 21, em Brasília-DF.
“Nós queremos que o debate seja amplo, intenso, mas rápido e sério. Por isso estou submetendo o PL sob regime especial, que dá 45 dias para sua análise, sob pena da pauta do congresso ser trancada se o projeto não for votado”, disse Dilma Rousseff.
Ela acredita que o projeto da lei das cotas no serviço público federal tem imenso potencial transformador e é exemplo para outros entes da federação e aos poderes legislativo e judiciário.
“Queremos, com essa medida, iniciar uma mudança na composição racial dos servidores, tornando-a representativa da população, inspirando mudanças parecidas, também entre empresas e organizações privadas”, declarou a ministra.
SINAPIR - Dilma Rousseff também assinou o decreto que regulamenta o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir) e anunciou a criação de uma instância no Ministério da Saúde para tratar especificamente da Política Nacional de Saúde da População Negra.
A presidenta afirmou, ainda, que até março de 2014 todas as comunidades quilombolas receberão profissionais de saúde vinculados ao Programa Mais Médicos. “Estamos colocando as comunidades quilombolas como locais privilegiados e prioritários para receber os médicos do programa”, afirmou.
Dilma mostrou-se preocupada com o que denominou “genocídio da juventude negra” e firmou o compromisso de colocar a estrutura do Governo Federal e de sua base aliada no sentido de fortalecer o Plano de Enfrentamento à Violência contra a Juventude Negra – Juventude Viva, coordenado pela SEPPIR e pela Secretaria Nacional de Juventude, ligada à Secretaria Geral da Presidência.
“Vamos dar todo o respaldo ao Plano Juventude Viva, articulando esferas, ministérios, governos estaduais, a justiça, por meio do Conselho Nacional de Justiça e do Ministério Público, para assegurar o foco nessa questão”, afirmou Rousseff.
Auto de resistência – A presidenta reiterou o apoio do Governo Federal à aprovação do PL 4471, sobre os Autos de Resistência, considerando que a implementação do projeto vai garantir o combate à violência que recai sobre a população negra.
Para ela, a implementação de ações afirmativas e a declaração de sua constitucionalidade, pelo Supremo Tribunal Federal, foram essenciais para garantir mais oportunidades para os negros no Brasil e disse ter orgulho de ter assinado a Lei de Cotas que, colocada imediatamente em prática pelo Ministério da Educação, contrariou a afirmação de que “no Brasil, as leis não funcionam”, garantindo a presença de um número crescente de negros nas universidades públicas do país.
Movimentos sociais – Dilma reconheceu a participação dos movimentos sociais negros como propulsores das mudanças que ocorreram tanto no Estado, quanto na sociedade e lembrou os dez anos de criação da SEPPIR. “Nesses dez anos – entre a criação da SEPPIR e a realização da III Conferência, o Brasil mudou, muito, para melhor. Isso se deve à participação dos movimentos nessa luta e à interação entre eles e a SEPPIR. Um ministério que tem como seu objeto a questão do racismo e do combate à desigualdade social é essencial para os passos que demos”, afirmou.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Irmão de senadora é acusado de explorar trabalho escravo



Irmão de senadora é acusado de explorar trabalho escravo
PEDRO IVO TOMÉ
DIÓGENES CAMPANHA
DE SÃO PAULO
Uma equipe de fiscalização do Ministério do Trabalho registrou indícios de trabalho semelhante à escravidão em uma fazenda do advogado Luiz Alfredo Feresin de Abreu, irmão da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO).
Ele nega irregularidades e diz que a operação visava atingir sua irmã. Principal líder da bancada ruralista no Congresso e colunista da Folha, Kátia Abreu preside a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).
Em vistoria de 23 de agosto, fiscais dizem ter encontrado cinco pessoas em condições de trabalho escravo na fazenda Taiaçu II, a 48 km do município de Vila Rica, no nordeste do Mato Grosso.
De acordo com o relatório, os trabalhadores tinham jornada de 11 horas e moravam em um alojamento sem energia elétrica ou água. No momento, o vaso sanitário do banheiro estava quebrado. A investigação aponta que os empregados receberam proposta para dividir R$ 400 por alqueire roçado. Dois teriam sido recrutados no Maranhão.
Produtos necessários para o trabalho, como botina, lanterna, garrafa térmica e chapéu, eram fornecidos, mas seriam descontados do pagamento. "Já faz algum tempo que está ocorrendo situação de trabalho escravo", diz Giselle Vianna, coordenadora de fiscalização rural no Estado.
Sérgio Lima-8.out.13/Folhapress
13281610
Irmão da senadora Káta Abreu (foto acima) é acusado de explorar trabalho escravo
Três dos empregados teriam sido contratados temporariamente para trabalhar nessas condições desde 2010. Os funcionários foram levados a um hotel em Vila Rica, onde ficaram por uma semana. De lá, seguiram para suas cidades de origem, segundo a Superintendência do Mato Grosso, responsável por autuar a fazenda. Luiz de Abreu pagou o transporte e a estadia.
As irregularidades foram registradas em 19 autos de infração contra o proprietário; os documentos, encaminhados ao Ministério Público Federal. A pena a quem submete alguém à condição análoga à de escravo pode chegar a oito anos de prisão, fora multa.
OUTRO LADO
Luiz de Abreu afirmou que contratou apenas um dos trabalhadores, José Orlando da Silva, para roçar o pasto e que esse empregado chamou quatro amigos para uma "sociedade", dividindo com eles o serviço e o pagamento.
Ele anexou à defesa, enviada ao superintendente regional do Trabalho em Mato Grosso, depoimentos registrados em cartório em que os roceiros afirmam que trabalhavam por empreita e não tinham vínculo empregatício com o advogado, que o alojamento tinha luz, água encanada e que pretendiam continuar na fazenda pois recebiam em dia.
Luiz Abreu acusa os fiscais de má-fé, pois teriam omitido trechos das declarações dos trabalhadores que lhe eram favoráveis e, segundo ele, buscavam vincular a senadora à propriedade.
Em um trecho da defesa, Abreu faz referência à chacina de Unaí (MG), em 2004, quando três fiscais do trabalho foram mortos em uma emboscada: "A sorte de Vossa Senhoria e dos fiscais é que eu não tenho personalidade marcada pela psicopatia e acredito na justiça dos homens, senão certamente vocês teriam o mesmo destino daqueles fiscais de Unaí", escreveu.
Abreu disse não temer que a frase seja interpretada como ameaça. "Digo justamente que ele não corre esse risco. É mais um desabafo", declarou.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

CAFÉ NDIMBA, NA SESSÃO BAOBÁ DE CINEMA APRESENTA: ?RAÇA, UM FILME SOBRE A IGUALDADE?.

CAFÉ NDIMBA, NA SESSÃO BAOBÁ DE CINEMA APRESENTA: ?RAÇA, UM FILME SOBRE A IGUALDADE?.

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filme raça
3º CAFÉ NDIMBA, NA ?SESSÃO BAOBÁ DE CINEMA?
?RAÇA, UM FILME SOBRE A IGUALDADE?
Direção: Joel Zito Araújo e Megan Mylan
?ONDE ESTA A IGUALDADE?? Exibições de Filmes, Música, Performances, Intervenções e Roda de Conversa.
Participações Artísticas: Vozes de Zambi, Grupo Samba 7 e Vocal de Mulheres Wambui, Artistas convidado e Estudantes do Curso de Artes Cênicas da UFSC.
PROGRAMAÇÃO:
Dia: 1º de Novembro (sexta)
14h : Exibição do Filme: RAÇA , Um Filme Sobre A Igualdade ( 104?)
Direção: Joel Zito Araujo e Megan Mylan
15h45 ? Roda de Conversa
17h15 ? Cofee Break
17h30 ? Arrastão Saravá ( Performance)do CFH até Pça Cidadania(CCE)
17h40 ? Show com Samba 7, Mulheres Wambui e Convidados na Pça da Cidadania ? CCE
18h40 ? Encerramento
Contamos com a participação de todos/as!!
Quando? Onde?
Dia: 01.11.2013 (sexta)
Horário: 14h
Local do Filme: Hall e Auditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH)
Local do Show: Pça. da Cidadania, UFSC ? Campus Trindade ? Centro de Comunicação e Expressão (CCE)
Endereço: Campus Universitário Reitor João David Ferreira Lima ? Trindade ?(CFH)
Quanto: Gratuito
Mais Informações sobre o filme Raça:
http://www.racafilme.com.br/
Mais informações sobre o 3º Café Ndimba:
http://coletivokurima.wordpress.com
SeCult: (48) 3721-2376 / 3721-8304
Realização: Equipe de Produção Artístico Cultural do Coletivo Kurima, Vozes de Zambi
Parceria: Cine Paredão, COPPIR, UFSC
Promoção: Secult/UFSC
Patrocínio/Apoio: UFSC, BAOBÁ, IMPRENSA, CCE, CFH, NELOOL
Coletivo Kurima:
Membro Responsável pela Produção Artístico Cultural do Coletivo Kurima:
Roberta Lira ? Artes Cênicas ? (48) 9914-2493
Membros da Comissão Coletivo Kurima:
Cher Lopes ? Arquitetura ? (48) 9924-7760
Josiane Martins Gonçalves ? Direito ? (48) 9965-9076
Renata Lima ? Psicologia ? (48) 9909-2212
Roberta Lira ? Artes Cênicas ? (48) 9914-2493
Flavia Helena de Lima
Coordenadora da Igualdade Racial


Coordenadoria Municipal de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial - COPPIR
Florianópolis/SC - (48) 3251-6266

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Rio de Janeiro quer acelerar implantação do Juventude Viva no estado

Rio de Janeiro quer acelerar implantação do Juventude Viva no estado

Data: 21/10/2013
Proposta foi defendida hoje (21/10) pelo superintendente de Políticas para a Juventude do governo carioca em reunião com o secretário Executivo da SEPPIR
Rio de Janeiro quer acelerar implantação do Juventude Viva no estado
Superintendente afirmou que o estado está preocupado em acelerar a chegada do Juventude Viva no Rio

O secretário Executivo da SEPPIR, Giovanni Harvey, e o coordenador Nacional do Plano Juventude Viva, Felipe Freitas, se reuniram hoje (21) com o superintendente de Políticas para a Juventude do Rio de Janeiro, Tiago Santana. O encontro ocorreu na SEPPIR, com o objetivo de acelerar a implantação do Plano Juventude Viva no Rio de Janeiro. O estado está incluso no cronograma de adesões, que também abrange municípios de Alagoas, Paraíba, São Paulo, Bahia, Espírito Santo e Pará, no total de 142 localidades.

Felipe Freitas informou que a ordem dos municípios a serem contemplados pelo PJV é definida a partir dos índices de vulnerabilidade e mortalidade dos jovens apresentados nas respectivas localidades. O coordenador ressaltou que toda a SEPPIR está efetivamente engajada para acelerar o processo, e se comprometeu a apresentar a pauta na próxima reunião do Comitê Gestor do Plano, a ser realizada em novembro deste ano. A previsão é que o estado fluminense seja contemplado com a incorporação as ações do Plano a partir do início de 2014.

Apesar do índice de mortalidade de jovens negros ter reduzido na capital, Tiago Santana destacou o problema que vem afetando as demais localidades do estado. Em São Gonçalo, Niterói, Nova Iguaçu e Caxias, por exemplo, os números de criminalidade e vulnerabilidade dos jovens continuam aumentando. “A pactuação política com os atores está em andamento e estamos agilizando as ações. O estado está preocupado em provocar, de forma a acelerar o processo”, declarou o superintendente.

Santana também deu destaque ao termo de cooperação assinado com a Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ, para o mapeamento dos territórios mais vulneráveis, e à importância da utilização de manifestações culturais como instrumentos de mobilização. “O festival Rio Parada Funk, que reúne aproximadamente 50 mil jovens, é um exemplo de espaço propício à divulgação do PJV”, afirmou.

Por fim, o secretário Giovanni Harvey destacou a preocupação da SEPPIR em garantir a eficácia e efetividade das políticas públicas voltadas à juventude negra vulnerável, com extinção dos autos de resistência e estabelecimento do Plano Juventude Viva como um marco. Para o representante da SEPPIR, o extermínio de adolescentes e jovens também é um problema que tem efeitos sobre a previdência, já que “estão matando indivíduos que constituirão a maioria da população economicamente ativa do país”. Na oportunidade, o secretário aproveitou para enfatizar a necessidade da população negra assumir cargos de gestão, a exemplo do superintendente.
 
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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Comissão de Direitos Humanos do Senado debateu soluções para o fim da violência contra jovens negros

Comissão de Direitos Humanos do Senado debateu soluções para o fim da violência contra jovens negros

Data: 11/10/2013
Três em cada quatro jovens assassinados no Brasil são negros. A Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal discutiu soluções para tentar mudar este quadro.
Comissão de Direitos Humanos do Senado debateu soluções para o fim da violência contra jovens negros
A Comissão de Direitos Humanos discutiu, nesta quinta-feira (10/10), a violência contra a juventude negra, que é a principal vítima de homicídios em todo o Brasil. Dados apresentados pela presidenta da Comissão, a senadora Ana Rita, do PT do Espírito Santo, mostram que de cada 4 jovens assassinados no Brasil, 3 são negros. “ A maioria dos homicídios que ocorrem no Brasil atinge pessoas jovens.
Do total de vítimas, cerca de 50% tinham entre 15 e 29 anos. Destes 75% são negros. Em 2009, por exemplo, os homicídios foram a causa de morte de 6.685 jovens brancos e de 18.595 jovens negros na faixa de 15 a 29 anos”, disse ela. Entre as possíveis soluções para tentar alterar esta situação, a senadora Lídice da Mata, do PSB da Bahia, defendeu que as políticas de segurança pública do país precisam de grades alterações.
Diante da gravidade do problema, senadores, gestores e especialistas presentes à reunião declararam apoio ao projeto, que ainda está em análise na Câmara dos Deputados, que determina que sempre seja aberto um processo de investigação nos casos de mortes ou ferimentos de pessoas em supostos confrontos com a Polícia. Hoje poucos destes casos são realmente investigados, sob a alegação de que teria havido resistência à ação da Polícia, os chamados Autos de Resistência. Também foi pedido pelos participantes que sejam adotadas políticas pelo Ministério da Educação que diminuam a evasão escolar entre os jovens negros durante o Ensino Médio.
Em 2007, o governo federal lançou o Plano Juventude Viva, que reúne ações de vários Ministérios, com foco na inclusão e emancipação dos jovens, além do enfrentamento do preconceito e do racismo institucional. O Plano é executado com a parceria dos governos estaduais e municipais, priorizando os municípios com os maiores índices de violência contra esses jovens (www.juventude.gov.br/juventudeviva). Até o momento o Juventude Viva foi implementado em Alagoas, Paraíba, Distrito Federal e Entorno. Este ano, a iniciativa chegará a outros territórios, incluindo a cidade de São Paulo, onde será lançada ainda no mês de outubro.

O debate na CDH contou com a participação da vice-presidenta do Conselho Nacional de Juventude, Ângela Guimarães; da coordenadora do Plano Juventude Viva pela SNJ, Fernanda Papa; e de representantes da sociedade civil. Além do rapper Gog, estarão na mesa Lula Rocha (Fonajunes); Enderson Araújo (Mídia Periférica); Débora Carvalho (Movimento Mães de Maio) e Júlio Jacobo (Clacso/Mapa da Violência).

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Atualidades



Atualidades

  AS NOVAS ÂNCORAS DA TV BRASILEIRA
Diariamente, ou quase isso, elas invadem sua casa com credibilidade, segurança, carisma, alegria, beleza e muita informação

POR CUCA LAZAROTTO*
FOTOS: JOHNNY


Elas são jornalistas, comunicadoras, formadoras de opinião, professoras, cantoras e guerreiras. Negras! Chegar lá não foi fácil. E não é mesmo para a maioria de nós, apresentadoras e repórteres. Mas a vontade e a determinação leva qualquer um a qualquer lugar. Já dizia o rolling stone Mick Jagger: You can always get what you want (Você sempre pode conseguir o que quer). Só que é preciso ter muita certeza do que se quer e querer de verdade, se dedicar, estudar, aproveitar as oportunidades e nunca perder o foco. Os objetivos são particulares, cada um tem o seu. O bacana é ver que essas colegas estão aí fazendo bonito na televisão.
Talvez você esteja se perguntando: por que uma concorrente loira está aqui, na Raça, escrevendo sobre essas "novas profissionais" da comunicação televisiva. Bem, primeiro porque fui convidada pelo editor dessa revista, Fran Oliveira, para fazer essa matéria. O que é um privilégio! Segundo, exatamente por ser uma colega e estar na TV há mais tempo do que elas e, portanto, ter o distanciamento que me permite entender o caminho destas excelentes profissionais que hoje se destacam na mídia. Quando comecei na TV, em 1990, eram muito poucas as negras atuantes no telejornalismo brasileiro, se não me engano apenas Glória Maria e Zileide Silva. Estas que, sem dúvida serviram de inspiração e são exemplo e referência para as nossas estrelas dessa reportagem: Anelis Assumpção, Joyce Ribeiro, Lica Oliveira, Luciana Barreto, Maria Julia Coutinho e Roberta Garcia. O estopim para essa reportagem foi exatamente a evolução e a ocupação por novos profissionais negros na mídia. E já que elas ocupam esse espaço, falamos sobre isso, sobre o reflexo dessa conquista na comunidade negra brasileira e também qual o caminho que as trouxe até aqui, seus ideais, e um pouco mais... Mais uma vez, por saber muito bem como é ser apresentadora, dar uma entrevista e nem sempre ler exatamente o que eu disse, e também por respeito e admiração por elas, é que daqui para a frente você vai ler, literalmente, o que elas sentem, viveram e me contaram.
"A valorização das diferenças está fazendo o negro e o branco brasileiros acreditarem que "black is beautiful", sim senhor!"
LICA OLIVEIRA


MARIA JULIA COUTINHO
apresentadora do telejornalCultura-Meio-Dia, da TV Cultura. Sua carreira teve início na própria Fundação Padre Anchieta onde começou como estagiária. Passou por vários cargos do departamento de jornalismo até tornar-se repórter, função que exerceu por quase três anos. A grande chance surgiu no final de 2005 quando apresentou oJornal da Cultura ao lado de Heródoto Barbeiro.

ROBERTA GARCIA
estreou no vídeo no programa Vitrine, por incentivo de Maria Cristina Poli. Nos últimos dois anos pudemos acompanhar sua porção radical, na ESPN Brasil, onde apresentou um programa diário, e ao vivo, de esportes radicais, oAção Compacto e outro semanal, Super Ação. Com a decisão da ESPN de investir mais em futebol, ela saiu há pouco da emissora, em breve a veremos no vídeo novamente

JOYCE RIBEIRO
está no SBT desde agosto de 2005, onde inicialmente apresentava o Jornal do SBT Manhã. Hoje edita e apresenta um bloco de meteorologia, além de ser a substituta oficial dos apresentadores Ana Paula Padrão e Hermano Henning. Sua primeira oportunidade foi na Rede Record como apresentadora do Fala Brasil e do Record News, jornal feito no Brasil e assistido no exterior pelas comunidades brasileiras.


ANELIS ASSUMPÇÃO
é apresentadora, cantora, percussionista e assume ?nunca imaginei que trabalharia com comunicação na vida?. Seu próximo programa ainda não estreou, mas já está pronto é o Sinfonia Fina, da TV Cultura. Um programa feito no conservatório de música de Tatuí que traça um paralelo entre a música erudita e a popular, tudo isso pelo olhar dos estudantes de música do conservatório.
LUCIANA BARRETO
é a âncora do Edição Nacional, da TVE Brasil. Ela jamais imaginou ir para o vídeo. Na reformulação do canal GNT, ela foi convidada, por Inácio Coqueiro, a fazer teste de apresentadora. ?Ninguém acreditou, nem eu mesma. Mas ele sim! Em poucos meses fui convidada para apresentar o BandNews. E de lá para a TV aberta ao lado de Carlos Nascimento, no Jornal da Band. Depois, recebi o convite da TVE Brasil. Cá estou eu!?
LICA OLIVEIRA
é jornalista, atriz e ex-jogadora de vôlei. Apresentava o programaEsporte Espetacular, da Rede Globo. ?Sempre admirei o trabalho dos repórteres e apresentadores de TV, principalmente os esportivos, que cobriam os campeonatos de vôlei e os grandes eventos, como as Olimpíadas que, felizmente, tive o prazer e a honra de participar. Joguei duas Olimpíadas, a de Los Angeles e de Seul.?

Elas não são as únicas afrodescendentes no ar na televisão brasileira, existem muitas(os) outras(os). Mas todas concordam que o espaço do negro na mídia é ainda muito pequeno, mas extremamente importante. Segundo Luciana, basta pensarmos na história do Brasil. "Há pouco mais de 100 anos nós estávamos na cozinha e na roça, sem estudo e sem perspectivas. Hoje, chegamos à universidade, superamos as adversidades e estamos conquistando nosso lugar no mercado de trabalho. Isso é maravilhoso! Acho que se nós ainda temos poucos negros no jornalismo é porque também temos poucos na universidade. É só um reflexo."
Joyce acredita que "temos vários motivos para comemorar, mas ainda não está nem perto do ideal. O fato de estarmos um pouco mais representados na TV, faz a comunidade acreditar que as coisas podem ser transformadas, neste ponto ajuda muito, mas a realidade de vida ainda é muito dura, desigual, excludente. No mundo das artes e no esporte, a aceitação do negro já é maior. As pessoas ainda estranham a presença do negro em áreas como medicina, engenharia, jornalismo, publicidade, direito." Anelis acredita que a questão seja mais profunda. "Não é só na mídia que a "ocupação" deve acontecer. Tem muito negro (leia-se pobre) fora da escola. Como ser um bom profissional em qualquer área estando fora do sistema? A identificação é muito importante para a auto-estima do cidadão! Num país onde mais de 60% da população é negra, não dá pra ligar a televisão e achar que você não faz parte desta sociedade."
"Temos vários motivos para comemorar. Mas ainda não está nem perto do ideal"
JOYCE RIBEIRO
Zileide Silva
REPÓRTER E CORRESPONDENTE INTERNACIONAL DA REDE GLOBO
Raça Brasil - Você sonhava ser jornalista?
Não. Sempre gostei de ler e escrever. Mas como também gostava muito de matemática e física, demorei um pouco para decidir. Meu primeiro vestibular foi para física na PUC-SP. Fui aprovada e até comecei a cursar. Mas logo vi que não era minha praia e optei mesmo por jornalismo
Como você vê a evolução e ocupação por novos profissionais negros na mídia?
É ótimo. São profissionais competentes, bem preparados e que estão ocupando este espaço graças à competência.
Essa evolução muda alguma coisa no diaa- dia dos negros na sociedade? O quê?
Vou responder dando um depoimento. Na Câmara, quando encontro seguranças negros, eles sempre me dizem que eu, Heraldo Pereira, Dulcinéa Novaes, Abel Neto e outros colegas negros somos referência para eles que exigem que os filhos estudem, se preparem para que possam também ocupar espaços como os nossos. É muito legal e também uma tremenda responsabilidade.
Qual foi o momento mais marcante da sua carreira?
Vários. Mas, sem dúvida, a cobertura dos atentados às torres gêmeas em Nova York. É chavão dizer isso, mas vamos lá, fui testemunha ocular de um fato histórico.
Como se sente, citada como referência e exemplo de profissional e jornalista?
É uma tremenda responsabilidade, mas também um incentivo para trabalhar sempre bem, tentando fazer o melhor.
Qual é o conselho para os iniciantes?
Não desistir. Não é fácil, mas vale a pena. E ler muito, sempre.

ELEVANDO A AUTO-ESTIMA
Roberta lembra que "a competência não tem cor". Existem sim poucos negros na televisão, não por falta de vaga, mas por falta de oportunidade de estudo e influência, conseqüência de uma grande falha em nossa formação cultural. Roberta me contou que, certa vez, ao encontrar o rapper Rappin Hood ouviu um comentário maravilhoso: 'Quando começa o Ação Compacto a favela pára!' Isso quer dizer que, quanto mais blacks aparecerem, mais aquele menino negro que não tem perspectiva e não tem em quem se espelhar, sabe que também pode chegar lá. Todos nós precisamos de um personagem que desperte nosso desenvolvimento."
A apresentadora Lica Oliveira constata que "ainda somos poucos, mas somos alguns. A diversidade nas empresas só traz benefícios. O nosso país é colorido nas ruas, mas quando alcançamos patamares socioeconômicos um pouco mais elevados, esta gama de cores diminui. E a TV como empresa, prestadora de serviço e um veículo de relevante valor na nossa sociedade, percebe o momento de mudança, os questionamentos desta sociedade e o anseio por identidade. E, em razão disto, começa a investir em profissionais negros, contribuindo assim, para diluir o olhar estigmatizado que se criou, tornando visíveis os trabalhos destes bons profissionais", diz concordando que essa evolução realmente muda alguma coisa no dia-a-dia dos negros na sociedae brasileira. "A identificação ou o estranhamento são despertados em quem nos assiste em um primeiro momento. Porém, diante da imensa população negra deste país, acredito que a identificação se sobreponha ao estranhamento. Estão nos dando a oportunidade de fazer muitos jovens acreditarem que é possível o negro fazer televisão e o que mais ele acreditar que possa nesse nosso país. Além de melhorar a auto-estima", afirma Lica Oliveira.
Maria Julia concorda com as colegas e completa: "acredito que a evolução da conquista de espaço dos negros nos meios de comunicação deve-se muito a pressão feita pelos movimentos de defesa da comunidade negra." Quanto ao reflexo do seu trabalho na TV Cultura ela exemplifica com uma história interessante. "Outro dia, uma garota negra de 8 anos de idade me enviou um desenho cujo título era "Garotas Estilo Maria Julia". Ela desenhou quatro garotas com meu biotipo, usando diferentes estilos de cabelos. Isso prova que estamos elevando a auto-estima daqueles que se consideram negros. Eles olham para os profissionais negros que ocupam uma posição de destaque na televisão, ou em outros setores, e pensam: eu também posso!"
COTAS NA UNIVERSIDADE
O bom é saber que elas são exemplo para as gerações futuras e que esse espaço está apenas começando a crescer. É como disse Roberta Garcia. "Quem eram os jornalistas negros brasileiros de ontem? Não me lembro, não tenho referência. Hoje, estão no ar, em diversos canais abertos e fechados. Isso é ótimo, e me deixa muito otimista em relação às próximas gerações." Todos nós ficamos otimistas! O respeito pelas diferenças, a igualdade, ganhando novas e maiores proporções. Isso sem nenhuma interferência política. Todos sabem que a questão das cotas nas universidades é polêmica. E ao falar sobre o assunto com as entrevistadas percebi que todas elas acreditam que esta seja uma medida necessária, apenas por um período. Maria Julia acredita no poder dos debates. "O importante no sistema de cotas ou no Estatuto da Igualdade Racial é o embate de idéias gerado pela possibilidade de implantação dessas medidas. Creio que desse conflito surgirão soluções conciliatórias que atendam à sociedade em geral. A Unicamp, por exemplo, adotou um sistema de inclusão diferente. Lá, o Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social prevê uma compensação de pontos na nota final dos alunos e beneficia também os estudantes negros e indígenas." Minha opinião vai de encontro com a da Roberta, o problema está na base da educação, temos que melhorar o nível do ensino fundamental para um futuro melhor. "Não adianta ter cotas na universidade e as nossas crianças continuarem com essa ´sem educação´ que o país oferece", diz Roberta.
Na verdade a questão é muito mais social do que racial. "A questão não é ser negro. É ser pobre!", diz Anelis. Como eu disse no começo dessa matéria o importante é acreditar no sonho e fazê-lo acontecer. E foi isso que elas fizeram.
"Chegamos à universidade, superamos as adversidades e estamos conquistando nosso lugar no mercado de trabalho. Isso é maravilhoso!"
LUCIANA BARRETO


Heraldo Pereira
REPÓRTER E APRESENTADOR DA REDE GLOBO DE TELEVISÃO
Raça Brasil - Ser o primeiro apresentador negro do maior e mais importante telejornal do Brasil. O que isso representa? Heraldo Pereira -
Tenho o maior orgulho da minha profissão de repórter. Faço com determinação e muito carinho o meu trabalho pensando, sempre, no público que vai receber a mensagem. O nosso desafio, de todos nós penso, é buscar uma mensagem precisa, bem-apurada, verdadeira, que seja informação pura e de qualidade. É como repórter, e eu trabalho em televisão desde 1980, que fui chamado para participar do rodízio de apresentadores do Jornal Nacional nos fins de semana, nas folgas do William Bonner e da Fátima Bernardes. Tenho orgulho de, assim, poder atuar ao lado de amigos dos mais experientes da televisão brasileira que, a cada apresentação, tanto me ensinam. Assim temos como meta fazer um trabalho que seja referenciado pela qualidade, credibilidade, respeito ao nosso público, independentemente da cor de quem faz ou recebe as notícias. Fazemos um trabalho para a população brasileira que é múltipla. E aí está, creio um de seus maiores valores. Fico contente em poder participar do time da Globo. Este conjunto de profissionais sim é referência para os novos profissionais que estão chegando à televisão, entre eles, cada dia mais, louvado seja, moças e rapazes do nosso povo negro como os exemplos que estão nesta edição de Raça.
Que conselho você daria para quem esta começando?
Leitura, obstinação, dedicação. É preciso se preparar cada dia mais, acadêmica ou informalmente, se empenhar com afinco. Referencie-se nos escritores clássicos brasileiros, e já que estamos abordando a nossa negritude, nunca deixem de lado Machado de Assis, nunca, e todo o material que nós da imprensa produzimos nas TVs, rádios, jornais, revistas, etc.
Como você vê a evolução e ocupação por novos profissionais negros na mídia?
É cada vez maior o número de negros que ingressam nos cursos de comunicação. Isso é muito bom. Passamos a ter um banco de talentos jornalísticos com boa formação. Daí para o mercado de trabalho é automático. Que bom. E muita gente ainda vai chegar. Um dia, quem sabe, não teremos mais que tratar, com admiração, deste tema. Haverá tantos jornalistas negros...
Essa evolução muda alguma coisa no dia-a-dia dos negros na sociedade? O quê? momento mais marcante da sua carreira?
Muda sim. Quanto mais estivermos presentes em posições diferenciadas da sociedade, das quais estivemos por tanto tempo excluídos, maior será a ocupação de espaço de excelência. Sem isto um país múltiplo, como o Brasil, não se constituirá como uma nação. E sem nação todos vamos perder. Poderemos formar uma sociedade verdadeiramente nova, caso contrário, será um desastre. Para que isso aconteça, nós negros teremos de estar integrados aos mais diversos setores do país. É inevitável. Ninguém conseguirá barrar este processo. Mesmo que alguns tentem.
Você sonhava em ser comunicador?omo se sente, citada como referência e exemplo de profissional e jornalista?
Penso que sim, desde pequeno. Sou de uma cidade de comunicadores, Ribeirão Preto, em que o rádio sempre foi muito presente, eu tenho a comunicação na cabeça.
Em algum momento você se sentiu privilegiado pela sua cor?
Acredito que conquistei meu espaço graças à minha dedicação e ao trabalho que realizei desde 80, quando entrei na televisão.
Houve alguma situação de preconceito?
Negro se vê diante de situação de preconceito rotineiramente, no dia a dia. Alguns não dão bola. Dizem que o problema é de quem tem preconceito. Bacana. Outros ficam indignados. Já fiquei muito indignado. Tento, cada vez mais, dar menos bola. Sei que também os preconceituosos terão de estar com a gente na construção do país que todos queremos.
Qual foi o momento mais marcante de sua carreira?
Foi quando cobri o acidente do João Carlos de Oliveira, o João do Pulo, em Campinas, interior de São Paulo. Ele continua sendo meu grande ídolo. Tenho saudade do João..
Você concorda com as cotas reservadas para negros nas universidades, empresas e, até mesmo, em Hollywood?
Concordo e precisamos agora criar o nosso modelo de cota, sem modismos importados, para a nossa realidade educacional.

SONHAR É PRECISO
Maria Julia desde criança vivia brincando de apresentar telejornal, redigia jornaizinhos na escola ou apresentava trabalhos escolares em forma de telejornal. A primeira experiência televisiva foi no laboratório de TV da faculdade. Ao fazer a primeira reportagem para o Edição Extra, ela decidiu que gostaria de trabalhar com vídeo. Já Roberta sempre quis fazer rádio e por isso começou na Rádio Cultura. Uma vez lá dentro acabou experimentando a televisão, meio que sem querer, só para provar para si mesma que TV era o que ela não queria. Hahaha, foi picada pelo bichinho e viciou.
Luciana lembra que quando criança dizia que seria jornalista e que trabalharia no Jornal do Brasil. Mas desde o princípio a vida rumou para televisão e ela decidiu não lutar contra isso. O primeiro estágio em TV foi no Canal Futura e lá ela se dedicou plenamente. "Você sabe que, como toda "minoria", o negro acaba tendo de provar talento e competência no trabalho". Seu objetivo era se tornar "indispensável porque realmente precisava muito do emprego". Depois de muitas batalhas e algumas conquistas lá estão elas, no ar, reportando ou apresentando, e a busca de cada uma continua.
A grande motivação para Roberta é a interação. "Sou uma formadora de opinião, tenho essa responsabilidade e levo muito a sério as matérias que produzo. Meu ideal é instruir sempre, com respeito e credibilidade."
O que motiva Joyce e Anelis é ver a cada dia um resultado melhor. Anelis busca apresentar um programa de música, investigativo, interessante... Joyce quer liderar um t elejornal respeitado. "Liderar um jornal é uma união dos conceitos que são aprendidos com os anos". Já para Luciana a motivação é o aspecto social. "É inevitável. Sempre quis ser jornalista para divulgar o que de bom pode ser feito no mundo e para o mundo." O seu sonho profissional? "Saber a hora certa de sair do vídeo e começar a escrever."
A preocupação social de Luciana faz parte do dia-a-dia da jornalista e professora. "Há dez anos eu dou aulas de redação para estudantes do Educafro (curso de pré-vestibular para negros e carentes), um trabalho que acrescenta muito na minha vida e, óbvio, também na deles. Em 1996 eu era exatamente como qualquer um dos meus alunos - uma menina pobre, moradora de uma região que carecia de tudo e que sonhava em me tornar uma profissional de nível superior. Hoje, quando meus alunos me vêem eles pensam "É possível. Eu vou conseguir." Por outro lado, quando eu olho para eles eu penso: "Nossa, quantos obstáculos eu já superei."
É isso aí galera. Está dado o exemplo. Agora é só acreditar. Buscar. Lutar. E depois sentir o gosto da vitória e não perder o foco, nem a humildade. Quanto a você e eu, nos cabe dar audiência a todas elas para que possamos assisti-las por muitos e muitos anos. Sorte meninas!
*CUCA LAZAROTTO É APRESENTADORA DO PROGRAMA METRÓPOLIS, DA TV CULTURA.